Aquaponia: do manual técnico ao campo — como transformar teoria em produção sustentável
- Renan de Sousa e Silva

- 23 de set.
- 3 min de leitura

A aquaponia já deixou de ser novidade e se tornou realidade em várias regiões do Brasil. Mais do que uma técnica, ela representa uma nova forma de pensar a produção de alimentos: circular, integrada e ambientalmente responsável. O Manual de Aquaponia da UFGD traz informações valiosas para quem quer entender os fundamentos e colocar em prática um sistema equilibrado, seja em pequena ou grande escala.
O que é e de onde vem a aquaponia
A aquaponia é a integração entre a criação de peixes (aquicultura) e o cultivo de vegetais sem solo (hidroponia), em um sistema de recirculação da água. Os resíduos metabólicos dos peixes viram nutrientes para as plantas, que por sua vez filtram a água e devolvem ao tanque em boas condições.
No Brasil, a técnica ganhou força a partir de pesquisas acadêmicas — a Unicamp foi pioneira, e depois a UFGD passou a desenvolver estudos aplicados, incluindo modelos para pequenos produtores e projetos educacionais.
Modelos de sistemas: qual escolher?
Segundo o manual, existem duas formas principais:
Sistemas associados: peixes e plantas conectados diretamente, em um único circuito de água.
Sistemas dissociados: tanques de peixes e hortas funcionam em circuitos independentes, mas interligados por filtragem e controle, oferecendo mais estabilidade.
Além disso, os sistemas podem ser adaptados à escala de produção:
Pequena escala: ideal para quintais, escolas e projetos de ensino.
Média escala: voltada à agricultura familiar, com potencial de diversificação de renda.
Grande escala: sistemas comerciais, capazes de abastecer mercados e restaurantes.
Os segredos do equilíbrio
Para funcionar bem, a aquaponia depende de alguns elementos-chave:
Filtragem e decantador: garantem que sólidos não se acumulem e prejudiquem os peixes.
Biodigestor: transforma resíduos em biofertilizantes, aumentando a eficiência.
Oxigenação: fundamental para manter peixes e plantas saudáveis.
Controle de pH e nutrientes: assegura que a água esteja sempre em parâmetros ideais.
Produtividade: aquaponia x hidroponia
Estudos da UFGD mostram que, em termos de produção vegetal, a aquaponia pode ser tão eficiente quanto a hidroponia. A diferença é que, além das hortaliças, o produtor também colhe peixe, agregando valor e diversificando sua fonte de renda.
Outro ponto positivo é o uso racional da água: enquanto um sistema tradicional de piscicultura consome milhares de litros para produzir 1 kg de peixe, a aquaponia reduz esse consumo em até 90%, sem descarte de efluentes no meio ambiente.
Casos reais e o impacto no Brasil
A aplicação prática já aparece em vários cenários:
Unidades demonstrativas em universidades, aproximando alunos da prática sustentável.
Projetos em escolas, que ensinam ciência na prática e estimulam segurança alimentar.
Agricultura familiar, onde pequenos produtores encontram na aquaponia uma alternativa de renda com baixo custo de manutenção.
E como você já apresentou no Agrotins 2025 e na escola de Carmolândia, a tecnologia é capaz de dialogar tanto com o agronegócio quanto com comunidades locais e projetos educativos.
Conclusão: da teoria para o campo
O Manual de Aquaponia da UFGD mostra que não se trata de um sistema experimental, mas de uma tecnologia consolidada, pronta para ser expandida. Do quintal ao agronegócio, a aquaponia pode ser adaptada, promovendo segurança alimentar, renda e sustentabilidade.
Mais do que técnica, ela é um caminho para produzir mais, com menos impacto, e de forma integrada com o meio ambiente.


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